quinta-feira, 25 de abril de 2013

Em Abril m-aguas mil


Em Abril m-aguas mil
trago-as mil
afogo-as nas mil
águas das memórias mil
do martelo e da foice
foi-se a liberdade e ficou o dia
do martelo que já não bate
da foice que nao ceifa, da cantiga
que não pia a não ser naquele dia
(...) de abril

abril m-aguas mil
trago-as mil
afogo-as nas mil
águas das lágrimas mil
de quem a fome ameaça ser vil
servil nação onde pão lê-se sem
til. Lê-se pão (dos políticos cara
de pau, daquele euro que é o
dobro de cem paus, dos polícias
que descarregam pau, num povo
agarrado ao pau) de abril

abril m-aguas mil
trago-as mil
afogo-as nas mil
águas das caras mil
de quem a luta ameaça-se febril
fabril nação localizada depois
um des lê se deslocalizada (das
fábricas, das decisões, das divisas
que se abatem sobre a terra
a-parentesis-en-terra a quem as
cultiva. Lê-se enterra a quem as
cultiva (das couves que são
de Bruxelas, do alho que é francês,
do presunto de baionne, das
salshichas de Frankfurt e um bouquet de flores de
Holanda) para enterrar abril

Abril m-aguas mil
trago-as mil
afago-as nas mil
aguas das cores mil
desse arco iris pouco primaveril
das cores que se debotam de
significado
do verde sem esperança debitado
no recibos
num laranja por do sol da
liberdade
num rosa anoitecer da justiça
e num vermelho derramar da
igualdade
e um azul e amarelo renascer do
patriotismo Salgado e azarado
acinzenta-se o tempo para este
1º de Maio, e rejuvenesce-se a
fúria do dez de junho
dum país que cortou os pulsos
mas esforça-se para erguer o punho

Abril m-aguas mil
trago-as mil
afogo-as nas mil
muitas mil que nesse dia
estarão nas ruas da amargura
celebrando abril

Sr. Preto 
Lisboa 13 de Janeiro de 2012

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